6 de maio de 2013

Meu dia de sobrevivente...

Amanhã será uma data propícia para sobreviver! Um brinde a todas as valsas que tocarão... Amanhã é o dia do equilíbrio... a data em que todos os meus pontos se alinharão com o futuro e a caminhada para a vida nova terá início!
Marchemos!
Não uma marcha cinza e batida... quero uma caminhada como caminham as pedras cabelos abaixo... gosto de sentir as pedras rolando do cimo da minha cabeça e formando vias barulhentas sob meus sapatos...
As caminhadas devem ser sempre na direção que o vento vai contra... não é bom presságio deixar cheiros pelo caminho... eu ando e caminho e danço entre os vãos dos meus sonhos.
As conexões estão todas ali me esperando latejar mais um pouco ao oeste... e é lá que a brisa boa vai soprar quando eu chegar... e as coisas voadoras vão anunciar a minha chegada no futuro! Que esplendor tem as coisas que brilham no futuro!
Minha mãe me segura pela mão e aponta a direção que não devo tomar! Ela cuida para que eu não cruze azares e temores! É ela quem me fortalece todos os lados de mim... ela coloca na minha sacola todas as coisas que preciso para caminhar segura: livros, sonhos e um bocado de música para me alimentar.
Vez ou outra, a prece que ela canta chega aos ouvidos dos protetores... e eles me protegem! Quando a prece falha, os espíritos dos cães das matas veem me saudar... eles me acompanham e uivam espantando as sombras que querem roubar a minha sombra. Estou sempre guardada e protegida, amém!
Mas amanhã é meu dia de sobrevivente! E tenho que entrar nele toda lapidada de diamantes e outras pedras que ofusquem tudo o que não é seguro.
Atrás da grande árvore tem sempre um arbusto em que posso esconder coisas da memória assombrosa.
E amanhã, será o meu dia de sobrevivente... quanto orgulho há em se destruir e se construir constantemente!  Já estava eu atrasada de me reformar! Quanta saudade há nos olhos que envelheceram em troca de sonhos errantes! Quero os abrir em nova sintonia... lá no futuro é onde os olhos se abrem sem cerimônias dantescas... e eu os abrirei sem medir a altura da luz que fluirá sobre meus cabelos vermelhos-alegria... e dançarei a dança dos loucos, plenos e eternos... porque só o que é eterno pode dançar sem ser incomodado pelos olhos dos idiotas!
Amanhã já está chegando... vamos ajustar os astros, içar as barras das minhas saias e prender as flores mortas nas orelhas... quero entrar bonita e diferente no dia de sobrevivente!

... porque só quem morreu sabe que sobreviver é tão mais importante que apenas viver.

Ândrea Mamontow

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