21 de dezembro de 2010

Já é terça-feira...

 Imagem de Clício Barroso

 
... e eu tentei remoer grãos tão duros que moela alguma conseguiria tal tarefa...

Como é surpreendente a VIDA... até quem nos humilha, nos magoa, nos despreza, nos ensina a lei da superação, do crescimento, da autovalorização...

A ti, meu muito obrigada!

Ândrea, A Russa...

15 de dezembro de 2010

O lugar em que você se perdeu em mim...

Imagem de Amadeo Modigliani


Existe um lugar entre o tesão e o descontrole, onde se misturam sonho e realidade; é nesse lugar que quero me perder com você. 

Existe um espaço entre o amor e a loucura, onde se misturam vida e morte; é neste lugar que você se perdeu de mim.

Entre lugares, lençóis, suores e vários líquidos, entre sensações infinitas e desvarios, entre meus ideais e tua realidade absurda... entre tantas coisas que o silêncio travou-nos os gritos... entre gemidos sufocados pela dor desbotada do desgosto... no vão do abismo entre meu e teu querer... entre tantas coisas que não deveriam ser ditas e as que foram grotescamente ditas... entre a falta de carinho que existia na distância entre tua boca e a minha, durante o beijo...  entre tantas coisas que poderiam ter sido diferentes mas que por motivos insensatos não aconteceram, por tudo isso, nem tesão, nem descontrole... só confusão e sensação de esvaziar-se instantaneamente de amor: assim nascem os buracos negros que engolem as almas.

Não há mais lugar em que eu possa me perder com você ou em você...

Mas existe um lugar, entre o tesão e o descontrole, onde se misturam sonho e realidade e eu ainda quero me encontrar e me perder neste lugar... com você.

Ândrea, A Russa.

12 de dezembro de 2010

Olhe para todos a seu redor...


Texto de Clarice Lispector (Ucrânia, 1925 - Brasil, 1977)

Olhe para todos a seu redor 




Olhe para todos a seu redor e veja o que temos feito de nós.
Não temos amado, acima de todas as coisas.
Não temos aceito o que não entendemos porque não queremos passar por tolos.
Temos amontoado coisas, coisas e coisas, mas não temos um ao outro.
Não temos nenhuma alegria que já não esteja catalogada.
Temos construido catedrais, e ficado ao lado de fora, pois as catedrais, que nós mesmo contruimos, tememos que sejam armadilhas.
Não nos temos entregues a nós mesmos, pois isso seria o começo de uma vida larga e nós a tememos. Temos evitado cair de joelhos diante do primeiro de nós que por amor diga: tens medo.
Temos organizado associações e clubes sorridentes onde se serve com ou sem soda.
Temos procurado nos salvar, mas sem usar a palavra salvação para não nos envergonharmos de ser inocentes.
Não temos usado a palavra amor para não termos de reconhecer sua contextura de ódio, de ciúme e de tantos outros contraditórios.
Temos mantido em segredo a nossa morte para tornar a nossa vida possível.
Muitos de nós fazem arte por não saber como é a outra coisa.
Temos disfarçado com falso amor a nossa indiferença, sabendo que nossa indiferença, é angústia disfarçada.
Temos disfarçado com o pequeno medo o grande medo maior e por isso nunca falamos, o que realmente importa.
Falar no que realmente importa é considerado uma gafe.
Não temos adorado por termos a sensata mesquinhez de nos lembrarmos a tempo dos falsos deuses.
Não temos sidos puros e ingênuos para não rirmos de nós mesmos e para que no fim do dia possamos dizer "pelo menos não fui tolo" e assim não ficarmos perplexos antes de apagar a luz.
Temos sorrido em público do que não sorriríamos quando ficássemos sozinhos.
Temos chamado de fraqueza a nossa candura.
Temo-nos temido um ao outro, acima de tudo.
E a tudo isso consideramos a vitória nossa de cada dia.





"...Não temos aceito o que não entendemos porque não queremos passar por tolos... "

11 de dezembro de 2010

Momentinho de sarcasmo...

ENCONTRO CELESTIAL

Estava Bin Laden falando com Deus, e lhe pergunta:
- Como estará o Afeganistão dentro de 10 anos?
Deus responde:
- Estará todo destruído pelas bombas enviadas pelos Estados Unidos.
Laden se sentou...e chorou.
Estava Barak Obama falando com Deus e lhe pergunta:
- Como estará a América dentro de 10 anos?
Deus lhe responde:
- Estará totalmente contaminada pelas bombas químicas despejadas pelo  Irã.
Barak se sentou...e chorou.
Estava Dilma Roussef falando com Deus, e lhe pergunta:
- Deus, como estará o Brasil dentro de 10 anos se eu for eleita Presidente?
Deus se sentou... e chorou!


9 de dezembro de 2010

Gracias a la Vida..






















Gracias a la vida, que me ha dado tanto
Me dió dos luceros que cuando los abro
Perfecto distingo lo negro del blanco
Y en alto cielo su fondo estrellado
Y en las multitudes el hombre que yo amo
Gracias a la vida, que me ha dado tanto
Me ha dado el oído, que en todo su ancho
Traba noche y dia grillos y canarios
Martirios, turbinas, ladridos, chubascos
Y la voz tan tierna de mi bien amado
Gracias a la vida, que me ha dado tanto
Me ha dado el sonido y el abecedario
Con él las palabras que pienso y declaro
Madre, amigo, hermano y luz alumbrando
La ruta del alma del que estoy amando
Gracias a la vida,que me ha dado tanto
Me ha dado la marcha de mis pies cansados
Con ellos anduve ciudades y charcos
Playas y desiertos, montañas y llanos
Y la casa tuya, tu calle y tu patio
Gracias a la vida, que me ha dado tanto
Me dió el corazón que agita su marco
Cuando miro el fruto del cerebro humano
Cuando miro el bueno tan lejos del malo
Cuando miro el fondo de tus ojos claros
Gracias a la vida, que me ha dado tanto
Me ha dado la risa y me ha dado el llanto
Así yo distingo dicha de quebranto
Los dos materiales que forman mi canto
Y el canto de ustedes que es el mismo canto
Y el canto de todos que es mi propio canto
Gracias a la vida

Graça de Violeta Parra...

7 de dezembro de 2010

Ophélia...



Lição sobre a água

Este líquido é água.
Quando pura
é inodora, insípida e incolor.
Reduzida a vapor,
sob tensão e a alta temperatura,
move os êmbolos das máquinas que, por isso,
se denominam máquinas de vapor.

É um bom dissolvente.
Embora com exceções mas de um modo geral,
dissolve tudo bem, bases e sais.
Congela a zero graus centesimais
e ferve a 100, quando à pressão normal.

Foi neste líquido que numa noite cálida de Verão,
sob um luar gomoso e branco de camélia,
apareceu a boiar o cadáver de Ofélia
com um nenúfar na mão.




...




Quem é Ophélia?



Ophelia, é uma personagem secundária da obra Hamlet, de William Shakespeare,  que nos proporciona uma complexidade das realidades humanas e é uma aventura no significar.  Mais Dionísico que apolíneo, flerta com a cultura pagã e deixa a interpretação de todo o conteúdo simbólico para o leitor.  Escrita entre 1585 e 1601,  a  peça é a mais famosa e com uma qualidade de atemporalidade que nos permite transportá-la para os dias de hoje e analisá-la. 
Hamlet é um príncipe atormentado pelo desejo de vingar a morte do pai.  Ophelia é utilizada como ferramenta política por ele, pois ela é filha de Polônio, suspeito de ser o assassino. Hamlet a deseja mas não confia nela, pois transfere a desconfiança despertada por sua mãe, Rainha Gertrudes, que não espera o tempo de luto e se casa com o pai de Ophelia. Esta deseja Hamlet mas não consegue saber o que realmente quer, já que é manipulada pelo pai e pelo irmão. Ao ver que Hamlet enlouquece, sente-se culpada e enlouquece também. A cena de sua morte, descrita por Gertrudes, é uma das mais belas passagens da literatura:


Onde um salgueiro cresce sobre o arroio, 
E espelha as flores cor de cinza na água; 
Ali, com suas líricas grinaldas 
De urtigas, margaridas e rinúnculos,
E as longas flores de purpúrea cor 
A que os pastores dão um nome obsceno 
E as virgens chamam de "dedos de defunto", 
Subindo aos galhos para pendurar 
Essas coroas vegetais nos ramos, 
Pérfido, um galho se partiu de súbito, 
Fazendo-a despencar-se e às suas flores 
Dentro do riacho. 
Suas longas vestes 
Se abriram, flutuando sobre as águas; 
Como sereia assim ficou, cantando 
Velhas canções, apenas uns segundos, 
Inconsciente da própria desventura, 
Ou como um ser nascido e acostumado 
Nesse elemento; mas durou bem pouco 
Até que as suas vestes encharcadas 
A levassem, envolta em melodias, 
A sufocar no lodo. 

(Hamlet, Shakespeare-p.145)

2 de dezembro de 2010

Noite de blecaute...



Dá-me febre apagar as luzes… meu corpo treme quando o escuro invade os vãos em que me escondo, entre o batente da porta e a sombra da cortina. Eu me escondo nestas frestas pra fugir das lâmpadas dos postes da rua que querem me assassinar. Ontem faltou luz no país inteiro e eu insuflada de temores e calafrios.

Tento me concentrar nos sons que me deixam inerte… lembranças da rua arborizada, das crianças brincando na praça da frente… dos sons que soam pelos céus da cidade e me dão a estática impressão de que tudo está calmo… eu não sei ser calma demais.

Em mim, nestas horas de me esconder, tudo é blecaute… eu derramo a minha luz pelos postes das ruas noturnas em que você atravessa demasiado lento, como se quisesse sorver um pouco mais daquilo que te derramo, daquilo que te inunda lentamente.

Há espectros que pousam em cada flor notívaga: apressadas, vagas, ocas de carne e osso… são semelhantes aos fantasmas da minha infância primeira: coisas sem nome, impressões que descem e sobem escadas mas que nunca mais voltam iguais… eles se perdem nas ruas em que derramo a minha luz… eles se perdem iguais a você: nunca mais acham o caminho de volta.

Ândrea, a Russa.

1 de dezembro de 2010

Os Corvos... de Van Gogh e do Tantra...

Quem nunca ouviu falar do pintor holandês que decepou a própria orelha e a enviou à uma prostituta? Van Gogh trabalhou como artista somente nos últimos dez anos de vida, isto é, dos 27 aos 37 anos, quando morreu. Durante os primeiros dois anos, ele somente desenhava, procurando aprender a arte.
Vicent van Gogh é exemplo clássico de fracasso em vida. Vendeu uma só única tela em toda a sua existência. Quanto a isto, profetizou: “Não posso evitar o fato de que meus quadros não sejam vendáveis. Mas virá o tempo em que as pessoas verão que eles valem mais que o preço da tinta”.
Sobreviveu de favores, de mesadas pagas pelo irmão Théo ou Theodorus. Apaixonou-se quando jovem por uma prima, mas não foi correspondido. Para provar à família o alcance de sua paixão, deixou-se queimar em uma chama de vela e pela primeira vez foi chamado de louco...

Extremamente solitário, sonhou em fazer, de sua casa amarela em Arles, uma colônia de artistas, sob a liderança de Gauguin (1848-1903). Pintou várias obras primas para aguardar o amigo, mas a ideia não vingou.
Sua reputação está calcada nos quadros que produziu nos últimos quatro anos de sua vida. Após sua chegada em Paris, ele abandonou o seu estilo sombrio, influenciado pelos impressionistas e pelas cores vivas das gravuras japonesas.
Talvez, a cena mais polêmica do pintor tenha sido a orelha cortada... Várias interpretações foram dadas, por biógrafos e contemporâneos do artista, entretanto, foi o cineasta japonês, Akira Kurosawa, no filme Sonhos, quem nos legou a versão mais poética.
Na película sobre a vida de Van Gogh, o artista dos girassóis aparece tentando pintar a própria orelha, mas o resultado é insatisfatório. Não vendo outra saída, o van Gogh do filme a decepa, resolvendo assim o seu problema pictural.
Em seu óleo sobre tela, “Girassóis”, de 1888 (92,1 × 73 cm), exposto na National Gallery, em Londres, mostra cores vibrantes e quase espanta o espectador com o vaso cheio de flores – o qual decorava seu quarto, na casa alugada em Arles. O quadro com tons de amarelo e marrom mostra um mundo belo e cheio de esperança.
Contudo, na época que pintou “Girassóis”, o mundo interior de Van Gogh fugia de seu próprio controle, o que é demonstrado na superfície do quadro, que parece agitada, refletindo o estado de espírito do artista, que se aproximava do fim trágico da sua vida.
Vicent van Gogh morreu na cidade de Arles, França, depois de disparar um tiro no peito. A arma emprestada, mediante o argumento de que serviria para espantar os corvos. A última tela do pintor holandês retrata justamente os corvos sobrevoando belíssimos trigais. Horas antes de morrer teria dito ao irmão Théo: “A miséria triunfou mais uma vez. A fome...!”

Corvos sobre o campo - Tantra...
céu azul
campo amarelo
corvos avançam em nossa direção
e não há porque se assustar
deixa o medo entrar no seu coração

tudo o que eu fiz foi por amor
acho até que encontrei
o motivo de um final feliz
nunca imaginei em nosso fim
construir meu castelo
com as pedras que eu te atirei

ieieie nada vai durar
as maldades serão coisas belas, enfim
nada vai durar tanto assim
abra os olhos, então
olha os corvos sobre o campo

céu azul
campo amarelo
corvos avançam em nossa direção
vermelhos caminhos
ecos de cores
vaga pulsação
de clara escuridão

tudo o que eu fiz foi por amor
acho até que encontrei
o motivo de um final feliz
nunca imaginei em nosso fim
construir meu castelo
com as pedras que eu te atirei

ieieie nada vai durar
as maldades serão coisas belas, enfim
nada vai durar tanto assim
abra os olhos, então
olha os corvos sobre o campo
ie ie ieieieie


A música é do Tantra, uma banda óooootima que vingou lá pelos idos dos anos 90. Era a música que eu cantava o tempo todo junto do Roberto Calango, amigo da faculdade, do Vale do Jequitinhonha, dos botecos do ABC, das idas à Vl. Madalena enfim, de todas as horas... por onde anda você, amigo Calango?

Ah, dizem que depois que Van Gogh pintou esse quadro, ele se suicidou... será que os corvos são tão azarentos assim? 

Eu creio que não... são apenas pássaros...


Ândrea, a Russa.

Observação: Cabe, por fim, ressaltar que Cornelius, irmão de van Gogh, também se suicidou e que sua irmã Wilhelmina morreu louca, internada em um hospício, reforçando a ideia de que havia um componente familiar genético na doença de van Gogh – a psicose maníaco-depressiva, hoje, chamada de distúrbio bipolar do humor...

Meditando para hoje...

PREVENÇÕES NEGATIVAS
Emmanuel
Francisco Cândido Xavier
Mantenhamos a idéia clara e positiva do bem para que a prevenção negativa não nos perturbe.
Não mentalizes sofrimentos suscetíveis de surgir amanhã, porque talvez jamais aconteçam.
Doença em casa ou em ti mesmo?Aflição não substituirá providência ou medicação que exigem serenidade para o êxito devido.
Provações de familiares e amigos?
Lamentação não fará o que a fortaleza de ânimo e a coragem poderão realizar em favor deles com a tua palavra iluminada de confiança e compreensão.
Parentes difíceis?
Queixas e reproches não tomarão o lugar da bondade e da aceitação com que se te fará possível auxiliá-los e melhorar-lhes a vida.
Amigos que se afastam?
Reprovação não trará nenhum de volta e, se realmente estão eles em tua estima, é justo reconhecer que necessitam muito mais de bênção, que de reprovação.
Acidentes reclamando socorro?
Desespero não se te fará útil, mas o espírito de iniciativa e de apoio fraternal conseguirá o concurso providencial de tua presença.
Boatos?
Usa o teu arquivo de silêncio.
Acusações contra alguém?
Eis chegado um grande momento para o exercício da caridade.
Em qualquer crise do cotidiano, recordemos que a Criação de Deus está iluminada pela eficiência, mas sem qualquer marca de pressa.
(Do livro "Calma", pelo Espírito Emmanuel, Francisco Cândido Xavier)