2 de dezembro de 2010

Noite de blecaute...



Dá-me febre apagar as luzes… meu corpo treme quando o escuro invade os vãos em que me escondo, entre o batente da porta e a sombra da cortina. Eu me escondo nestas frestas pra fugir das lâmpadas dos postes da rua que querem me assassinar. Ontem faltou luz no país inteiro e eu insuflada de temores e calafrios.

Tento me concentrar nos sons que me deixam inerte… lembranças da rua arborizada, das crianças brincando na praça da frente… dos sons que soam pelos céus da cidade e me dão a estática impressão de que tudo está calmo… eu não sei ser calma demais.

Em mim, nestas horas de me esconder, tudo é blecaute… eu derramo a minha luz pelos postes das ruas noturnas em que você atravessa demasiado lento, como se quisesse sorver um pouco mais daquilo que te derramo, daquilo que te inunda lentamente.

Há espectros que pousam em cada flor notívaga: apressadas, vagas, ocas de carne e osso… são semelhantes aos fantasmas da minha infância primeira: coisas sem nome, impressões que descem e sobem escadas mas que nunca mais voltam iguais… eles se perdem nas ruas em que derramo a minha luz… eles se perdem iguais a você: nunca mais acham o caminho de volta.

Ândrea, a Russa.

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